quinta-feira, novembro 29, 2001
Tô P da vida
Tudo tem limite. Tudo. E essa foi muuuuito além do limite.
Estava eu lendo o blog da Biscoito Doce e topei com essa:
Ontem, o cara que governa nosso país soltou a seguinte pérola: "Quem não produz vai ser professor." "O professor é um pesquisador frustrado". "Eu dava aula "não sei onde" nos EUA e lá estudavam as pessoas mais brilhantes dos EUA. Mas eu não era, porque já era professor."...
Ah, Senhor Presidente, essa foi longe demais. Todo mundo sabe que educação nesse país é tratada como lixo, e que professor e nada é a mesma coisa pra essa cambada de incompetentes que se autodenominam políticos. Mas afirmar que quem não produz nada vai ser professor é inadmissível.
Vejam só o comentário da Biscoito Doce (dá licença, moça? gosto muito do seu blog):
Eu sei que não dá pra acreditar mas foi verdade e o pior de tudo. O filho de uma puta ficou rico dando aula, foi PROFESSOR a maior parte da vida, e mesmo que tenha sido pesquisador, continou dando aulas. E o pior: também se casou com uma PROFESSORA. E como de hábito, não deve ser do conhecimento dele, o Ministro da Educação dele, José Renato acabou de pedir a suspensão do salário dele como ministro que é de 8 mil reais para receber 12 mil reais como PROFESSOR titular da cadeira no Curso de Ciências Econômicas na UNICAMP.
Ou seja, até o idiota do Garotinho soube responder :Acho que presidente que não produz, também deveria voltar a ser professor....
E depois ele ainda solta uma nota culpando a imprensa por ter colocado as "ilustres" palavras dele em um contexto errado".
Hoje, durante a reunião de professores, minha diretora, Regina, falava sobre como é difícil investir em educação e manter uma empresa voltada para a educação nesse país. E ela nos perguntou: "Qual o país desenvolvido que chegou onde está sem educação?" Pois é. Ela está certíssima. A resposta é: nenhum. E se a coisa continuar como está, o Brasil nunca vai deixar de ser um país "em desenvolvimento", ou "emergente" (eufemismo para "subdesenvolvido").
Eu tenho orgulho de ser professora. Do meu amigo Afonso, professor de Universidade Federal que dá o sangue e ganha uma miséria. Da minha mãe, professora de História. Da minha avó, diretora de grupo escolar nos anos 40 no interior do Paraná. Quem leva esse país pra frente, modéstia à parte, é gente como nós.
Tô P da vida, com P maiúsculo.
posted by
Viviane at 5:54:00 PM
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