segunda-feira, fevereiro 11, 2002
Carnaval
Quem me conhece sabe que eu nunca fui muito amiga de carnaval. Detesto o fato de que é um feriado e que tudo fecha, atrapalhando a minha vida e a vida de um montão de gente que não cai na folia. Detesto os ônibus imundos de lama e sabe Deus mais o quê, na semana seguinte. Detesto o cheiro de xixi que fica na rua. Detesto os desvios de trânsito. E detesto música baiana.
Meu único registro de carnaval quando criança são algumas fotos, tiradas ainda em Belém, quando eu tinha dois anos e onze meses. Meus pais, sorridentes, segurando minhas mãos e claramente tentando me fazer sorrir também. Eu, vestida de bailarina, com um tutu branco salpicado de lantejoulas, sapatilhas de ponta e uma expressão de profundo tédio. Minha cara está impagável na foto. Um bebê emburrado e querendo ir pra casa.
Meu único carnaval decente até os vinte e cinco anos foi em 1986, quando fui de férias a Curitiba em fevereiro e fui com meus primos à matinê do Clube Curitibano. Carnaval tradicional de clube, com marchinhas e tudo. Foi divertido.
Aí me mudei pra Recife, e lascou tudo. Nada contra o carnaval pernambucano, muito pelo contrário! Eu gosto de maracatu - sempre ia ao Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, ver o Nação Pernambuco tocar. Gosto de frevo. Adoro dançar ciranda. O problema eram, claro, os desgraçados dos trios elétricos com aquela pseudo-música pra bêbado pensar que dança chamada axé. Bleargh.
Quando começou o pólo RecBeat na Rua da Moeda, depois da revitalização do Recife Antigo, eu comecei a sair no carnaval, pra ver as bandas de rock. E desde o ano passado, quando o RecBeat acaba eu vou pro Marco Zero ver os shows que rolam por lá. Ontem foi Antúlio Madureira. O cara é genial. Toca a Ave Maria num serrote. Agora, a pergunta: porque demorou tanto tempo pros pernambucanos descobrirem que não precisam de porcaria de música baiana nenhuma no carnaval?
Obviamente, nem por decreto eu vou algum dia pro Galo. Aglomerações e calor de matar, só por causas nobilíssimas tipo um show do U2. Mas confesso que ando fazendo, aos poucos, as pazes com o carnaval. Não tenho alma de foliã, mas pelo menos não vou mais desejar me enfiar num buraco negro a cada fevereiro.
Bom, em outubro tem o Recifo*ia, aí a conversa vai ser beeeeem diferente.
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Viviane at 7:18:00 PM
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