sexta-feira, fevereiro 22, 2002
Notícia triste do dia...
WASHINGTON (CNN) -- O jornalista do Wall Street Journal Daniel Pearl, seqüestrado no começo do ano no Paquistão, está morto, confirmou nesta quinta-feira o Departamento de Estado norte-americano.
Pearl, de 38 anos, foi capturado quando seguia para uma entrevista, como parte de uma reportagem sobre as supostas conexões do "homem do sapato-bomba" Richard Reid com terroristas baseados no Paquistão e no Afeganistão.
A morte do repórter foi anunciada pela embaixada dos Estados Unidos em Islabamad, a capital paquistanesa. A missão diplomática classificou o incidente como "ultrajante".
O governo norte-americano aparentemente aguardou a comunicação da morte de Pearl à família para divulgar a notícia publicamente.
A família do jornalista em comunicado que um representante leu para a imprensa, afirmou estar "chocada e triste".
"Nós estamos chocados e tristes com a confirmação que nosso maior medo foi realizado", disse o comunicado da família.
"Até algumas horas atrás, estávamos confiantes que Danny retornaria em segurança, porque acreditávamos que nenhum ser humano poderia machucar alma tão gentil".
"O assassinato sem sentido de Danny vai além de nossa compreensão", acrescenta o comunicado. "Danny era amado como filho, irmão, tio, marido e pai de uma criança que nunca vai conhecê-lo".
"Um músico, um escritor, um contador de histórias e um construtor de pontes, ele era um exemplo de verdade, humor, amizade e compaixão".
"Nós sofremos com os muitos que o conheceram em sua vida e choramos por um mundo que deve lidar com sua morte."
da CNN em Washington, Andrea Koppel, revelou que o governo teve acesso a uma fita de vídeo, cujo conteúdo levou as autoridades federais a ter certeza da morte de Pearl.
Em Nova York, o Wall Street Journal primeiramente disse ter "motivos confiáveis" para acreditar que seu correspondente estivesse morto. Meia hora depois, o jornal confirmou o desfecho trágico do caso, em uma nota lida quase aos prantos por seu editor-chefe, Peter R. Kann.
"Com base em relatos do Departamento de Estado dos Estados Unidos e de autoridades policiais da província de Sind, no Paquistão, que Danny Pearl foi morto por seus seqüestradores", disse.
"Estamos arrasados com sua morte", prosseguiu. "Danny era um colega excepcional, um grande repórter, um amigo querido de muitos no jornal".
A esposa de Pearl, Marianne, uma jornalista francesa, está grávida do primeiro filho do casal.
Nas semanas que se seguiram ao seqüestro, ocorrido em 23 de janeiro, militantes até então desconhecidos assumiram a autoria do crime e chegaram a exigir que, em troca da libertação de Pearl, os Estados Unidos libertassem todos os prisioneiros de guerra feitos recentemente no Afeganistão.
O seqüestro do jornalista resultou na prisão de várias pessoas suspeitas de envolvimento no crime, inclusive Ahmed Omar Said Sheikh, que seria o cheque da quadrilha.
(da AOL)
Quando eu fui a Londres, fiquei num albergue da juventude perto da Catedral de St. Paul. Descendo a rua, havia uma igrejinha - bem menos imponente mas não menos bela - onde eu gostava muito de ir de manhã. Chama-se St. Bride's e, por estar em uma rua onde fica a maioria das sedes das sucursais de jornais e escritórios de órgãos de imprensa, é dedicada aos jornalistas. No altar e nas paredes, há várias placas em homenagem a repórteres, fotógrafos e cinegrafistas que perderam a vida trabalhando. Posso parecer ingênua, principalmente numa época em que o papel da imprensa anda tão questionável (alguém aí viu "Terra de Ninguém"?), mas acredito que ainda há profissionais que trabalham por amor ao que fazem e que aceitam os riscos pelo mesmo motivo. E ao saber da morte de Daniel Pearl, lembrei imediatamente de St. Bride's e de todas aquelas pessoas que ajudaram, de alguma forma, a escrever a História.
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Viviane at 7:33:00 PM
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