domingo, março 17, 2002
Outra pérola do André Takeda, direto do blog dele:
Há mais de dez anos um jovem obstinado de Liverpool decidiu escrever a melhor música de todos os tempos. E, pasmem, ele quase chegou lá. Banda, crítica e público concordam que o Echo & The Bunnymen com “The Killing Moon” estava prestes a atingir a mais pura perfeição. Mas não era suficiente. Graças a deus, eles continuaram a perseguir este objetivo e nos presentearam com mais um punhado de belíssimas canções.
Hoje, num daqueles momentos de ócio e devaneios, me peguei pensando na melhor música de todos os tempos. E, por coincidência, comprei ontem um single dos Bunnymen com uma gravação ao vivo de “The Killing Moon” para uma rádio inglesa em junho deste ano. Na vigésima vez que coloquei o cd no discman, percebi. Ian McCulloch e os homens-coelhinhos escreveram sim a melhor música de todos os tempos. Se, como Ian mesmo dizia, o principal quesito para a música ser eterna é a magia, “The Killing Moon” é inigualável. É uma opinião pessoal, claro, mas Mandrake é fichinha perto do que a banda fez com seu mais conhecido clássico.
É mágica. Dos primeiros acordes antológicos ao refrão que lhe joga contra a parede, “The Killing Moon” versão 1997 é assustadoramente linda, perfeita e irretocável. Assustadora porque agora já sei que não posso fazer mais nada. Vou continuar meu garimpo apaixonado por cds, pois a música é o que me move, mas sei que depois do que os homens-coelhinhos fizeram num mero programa de rádio, assim quatro minutinhos de nada, depois disso, adeus, tudo o que conheço e gosto foi reduzido a pó.
Posso estar exagerando. Mas ouça a voz de Ian McCulloch - agora sofrendo mais do que nunca - dizendo “so cruely you kissed me/ your lips a magic world”, a batida pesada como a paixão de Michael Lee (que me perdoe o genial Pete de Freitas), a guitarra de sonhos de Will Sergeant e o contrabaixo lento e sensual de Les Pattinson. Ouça o arranjo de cordas. Eu me ajoelho. Esta música é uma espécie de deus.
Poucas músicas, pelo que eu lembro, são tão mágicas. Numa lista rápida, e por isso mesmo injusta, citaria “What a Wonderful World” do Louis Armstrong (a orquestração do início é matadora); “Be My Baby” das Ronettes; “Layla” do Derek & The Dominos (a parte lenta possui uma das melodias mais arrepiantes que já ouvi); “Tupelo Honey” do Van Morrison; “Sunday Morning” do The Velvet Underground com a bela Nico nos vocais; “10:15 Saturday Night” do The Cure; “I Know It’s Over” dos Smiths; “One” do U2 (uma das letras mais cruéis e lindas do rock); e, mais recentemente, “The Drugs Don’t Work” do Verve (para mim, a música de 1997). Bom, acho que vocês já perceberam o que eu entendo por magia: romance e paixão transbordando das caixas de som.
Faça sua lista de músicas mágicas e mande para mim.
Ou melhor: guarde só para você.
As músicas mágicas são secretas e não devem ser divididas com ninguém. São para ouvir sozinho, de olhos fechados e de braços abertos - numa dessas, você pode voar. Nunca se sabe.
Beijos & abraços.
André Takeda
Eu quero esse CD!!! Queroooooo!!! 24 de maio, me aguarde...
posted by
Viviane at 10:22:00 PM
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