sexta-feira, abril 19, 2002
Ai, quero ver esse filme!!!
Cidade dos Sonhos retoma universo peculiar de Lynch
(do Terra)
Cidade dos Sonhos marca o retorno de David Lynch às telas. O filme promete agradar aos fãs de carteirinha do cineasta e, ao mesmo tempo, deixá-los perplexos, como sempre.
Depois de passar quase duas horas construindo uma narrativa hipnotizante, de muita intensidade emocional e fascínio, Cidade vira numa curva acentuada e nada bem-vinda, se embrenhando num atalho perdido sem nunca mais voltar à estrada principal.
Tudo que o espectador pode fazer é aceitar que esse é o jeito Lynch de fazer cinema e que o diretor não é daqueles que explica ou amarra os fatos.
Infelizmente, porém, essa estranheza vai impedir o grande público de entender o filme pelo o que realmente é: um suspense legítimo e assustador.
Cidade dos Sonhos foi pensado, originalmente, como piloto para um seriado de TV, mas acabou sendo rejeitado pela rede norte-americana ABC. O projeto acabou sendo retomado pelo StudioCanal, o produtor francês Alain Sarde e o produtor executivo Pierre Edelman, que injetaram 7 milhões de dólares adicionais num planejamento orçado inicialmente em 8 milhões de dólares.
Algumas das tramas paralelas e dos personagens isolados podem ser explicados pelo fato de que teriam sido pensados para longas temporadas televisivas. Mas, até mesmo por causa da excelente trilha sonora, Cidade fica muito melhor se assistido no cinema.
A história se desenvolve em três tramas distintas. A primeira delas mergulha imediatamente em território típico de Lynch, quando uma bela morena (Laura Elena Harring) milagrosamente escapa da morte duas vezes em questão de segundos.
Ela está perto de ser baleada pelos motoristas da limusine na qual é passageira, quando o carro é abalroado por outro automóvel dirigido por adolescentes.
Emergindo com apenas um corte na cabeça, ela acaba entrando no apartamento de uma mulher mais velha que está prestes a entrar num táxi para ir ao aeroporto.
Na mesma manhã, a loiríssima Betty (Naomi Watts) chega do Canadá para tentar a sorte em Hollywood, onde ficará hospedada na casa de sua tia - o tal apartamento invadido pela morena que agora está com amnésia e assume o nome de Rita, inspirada num cartaz de Rita Hayworth.
A segunda narrativa traz o jovem diretor de cinema Adam Kesher (Justin Theroux) sendo informado por seus contadores, os irmãos Castiglione, de que precisa usar em seu filme uma atriz iniciante chamada Camilla Rhodes. Os contadores, ao que tudo indica, estão obedecendo ordens de um homem estranho, que anda de cadeira de rodas e parece possuir poderes onipotentes.
A terceira narrativa gira em torno de um rapaz mal vestido que mata seu amigo a tiros num escritório e depois, numa sequência de comédia absurda extrema, rapidamente aniquila mais duas pessoas.
Quando nossas atenções retornam à bela Betty, já podemos prever que, com tudo de sinistro que acontece no submundo lynchiano de Los Angeles, dificilmente ela vai permanecer boazinha, inocente e pura por muito tempo.
É aqui que se percebe também que o restante das histórias se tornarão igualmente perversas - e, provavelmente, estranhas e quase incompreensíveis.
Reuters
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Viviane at 10:21:00 AM
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