quinta-feira, abril 25, 2002
Do Grid:
Diamantes negros
A japonesa Bridgestone e a francesa Michelin investem pesado na guerra dos pneus, que pode decidir quem será o campeão da temporada 2002
Por Lemyr Martins
Shakespeare disse: "São todos negros e iguais, mas há meio século travam-se combates sucessivos para provar a diferença. Essa foi a nossa última batalha, agora a guerra não é mais nossa". Tony Shakespeare, chefe de operações da Goodyear, oficializava naquele final do GP do Japão de 1998 a retirada da marca norte-americana após 33 anos na F-1, nos quais conquistou 368 vitórias como fornecedora de pneus. A Goodyear deixava o caminho livre para a fábrica japonesa Bridgestone exercer uma confortável exclusividade. Mas a primazia terminou no ano passado com a entrada da francesa Michelin, deflagrando a guerra de pneus que Michael Schumacher anunciou como decisiva para esta temporada. "Os pneus definirão as vitórias na maioria dos GPs", disse o alemão.
A previsão do tetracampeão explica importantes mudanças ocorridas nas grandes equipes para este ano. A McLaren tenta o pulo do gato trocando os Bridgestone pelos Michelin. Adrian Newey e Neil Oatley, os estrategistas da McLaren, concluíram em 2001 que seus carros renderiam melhor com os pneus franceses. Não foi uma declaração oficial, mas vazaram queixas dos bastidores da McLaren sobre um possível favorecimento da Bridgestone pela Ferrari durante os testes privados que os italianos fazem em suas pistas particulares de Fiorano e Mugello.
Não houve provas da regalia mas, bandeando-se para a Michelin em busca de vantagens, a McLaren poderá cair na própria cilada e beneficiar, ainda mais, a Ferrari. Agora a escuderia italiana é a única das ditas grandes que estará calçada com os pneus Bridgestone. Sauber, Jordan, BAR e Arrows, que também se equipam com os pneus japoneses, não têm chances lógicas de chegar ao título. Muito menos o poder de fogo da Ferrari, que, com sua maratona de testes nos circuitos particulares, é quem acabará apontando à Bridgestone os compostos mais eficientes dos pneus.
A McLaren fugiu da briga com a Ferrari mas vai encarar uma parada difícil com a Williams na trincheira da Michelin. E vai precisar de competência. Porque, além de todos os estudos feitos pelos técnicos da Williams, vale a pena lembrar que Schumaquinho e Montoya sabem o que estão calçando, pois emplacaram quatro vitórias no ano de estréia da Michelin. Um resultado supér, na exclamação de Pierre Dupasquieur, o miúdo e inquieto gerente de competições da Michelin, feliz com o engajamento da McLaren.
Renault, Jaguar, Minardi e a estreante Toyota completam o time da Michelin para 2002. Então a disputa fica assim: Williams e McLaren atacam de Michelin contra a Ferrari, armada de Bridgestone para decidir a guerra dos pneus. Afinal, são todos negros e iguais. Mas muito diferentes...
E aqui vão algumas curiosidades sobre o mundo mágico da F1... :)
Os números da cultura da borracha
Peso: o pneu traseiro pesa 12 quilos
Calibragem: em média, os times usam 18 psi
Componentes: cerca de 150 componentes são utilizados na sua fabricação
Temperatura: a ideal para rodar em pista seca é 100º C
Quantidade: Cerca de 50 000 pneus são fabricados por temporada
Voltas sobre si: em um GP, um pneu dá aproximadamente
150 000 voltas sobre si mesmo
rpm: nas velocidades mais altas, um pneu gira 50 vezes por segundo
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Viviane at 12:28:00 PM
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