domingo, julho 21, 2002
Woody novo! Oba!
Woody Allen reencontra o prazer do humor em "O Escorpião de Jade"
AMIR LABAKI
do Guia da Folha
É célebre a fascinação pela mágica de Woody Allen desde a infância _noutra paixão que o aproxima de Orson Welles. "O Escorpião de Jade", seu penúltimo filme, concede-lhe a oportunidade de, pela terceira vez em sua carreira, estruturar todo um filme em torno de elementos supra-reais.
Em "Édipo Arrasado" (89), episódio para "Contos de Nova York", um mágico profissional fazia a mãe de Allen desaparecer, passando a atormentá-lo desde os céus de Manhattan. "Simplesmente Alice" (90) revolucionava a vida de uma entediada burguesa nova-iorquina a partir da ingestão das ervas mágicas do doutor Yeng.
Agora é a vez de um hipnotizador dos anos 40 lançar mão de seus poderes para tornar (Woody) Allen e Helen (Hunt) seus cúmplices involuntários em grandes roubos noturnos de jóias. Numa piscadela pré-freudiana para psicanalizados, a hipnose mobiliza ainda desejos inconscientes da dupla, inimigos figadais de escritório, numa rivalidade que remete à de Spencer Tracy e Katharine Hepburn na Hollywood clássica.
Revisitar o próprio cinema é outro dos prazeres que Allen não cansa aqui de exercitar. "O Escorpião de Jade" celebra o universo noir em cores primárias e diálogos de múltiplos sentidos, tudo embalado pelos aveludados standards de sempre.
Seu gênio na escolha e na direção do elenco já é lendário, mas "O Escorpião de Jade" flagra sobretudo um Allen ator despudoramente hilariante. O rei da comédia reencontra o prazer do humor. Assim nascem os clássicos.
Vamos ver quando esse filme vai chegar aqui na manguetown...
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Viviane at 10:51:00 PM
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