quarta-feira, outubro 23, 2002
Gil, Elo, Déa, Dani, Wann... o que vocês acham?
A fórmula certa para a Fórmula 1
Desde que John Cooper passou o motor para a traseira dos Fórmula 1, em 1958, a categoria não parou de dar um passo à frente e outro atrás. Na verdade, sempre houve um grande duelo entre os projetistas e os cartolas da Federação Internacional de Automobilismo. Os engenheiros inventam mágicas mecânicas e aerodinâmicas e a FIA, obstáculos, normalmente em nome da competitividade, como acontece agora.
Foi pretextando mais chances de igualdade que proibiram o Tyrrell de seis rodas, em 1978, o fabuloso carro-asa que Colin Chapman lançou na Lotus 79, e a inovadora suspensão ativa da Williams em 1992. Também para nivelar a competição, foi introduzida em 1988, a famigerada válvula pop-off, um engenho que limitava a potência dos motores turbocomprimidos de 4 para 2,5 bars, depois banidos da F1, defintivamente em 1993. Na verdade, um casuísmo para brecar o espetacular motor Honda Turbo, imbatível na época. A limitação dos tanques de combustível, que obriga o reabastecimento, foi outra tentativa infrutífera de dar mais igualdade à competição.
O último ataque sério à aerodinâmica foi a eliminação do fundo plano, através de um estrado de madeira no fundo dos bólidos, para diminuir o efeito solo, conseguido pelos projetistas no final dos amos 70. Michael Schumacher, para quem não se lembra, teve a vitória no GP da Bélgica de 1994 cassada porque a pequena prancha de madeira presentou um desgaste de 1,5 milímetros.
Quatro temporadas atrás, a eletrônica foi limitada e a telemetria, que permitia aos engenheiros o controle quase total do motor (alterando a mistura de combustível e o regime de rotações, por exemplo) via rádio dos boxes, tornada unilateral do carro para os pits. Mas como foi um acinte tirar o computador da pista, voltaram atrás em 2000.
Como todos esses procedimentos foram inócuos e os gênios da aerodinâmica, mecânica e eletrônica continuam a ganhar a guerra, a FIA, juntamente com a FOCA (Associação dos Construtores da F1) atacam agora com medidas "esportivas". Entre elas o handicap -- ou seria castigo -- imposto aos pilotos e carros de ponta. Nessa hipótese, entraria em cena o lastro, um peso de chumbo instalado no carro, que iniciaria com 20 quilos e aumentaria de acordo com as colocações subsequentes. O que não é novo, pois vigorou há dez anos no DTM, o campeonato de turismo da Alemanha.
As propostas são várias e a mais ridícula é a troca de carros entre os pilotos. Se me fosse permitida uma sugestão, nesse terreno do disparate, eu apontaria uma disputa de Fórmula 1, em duas baterias, com a inversão das posições. Explico: os pilotos formariam o primeiro grid de acordo com o tempo de classificação e partiriam para a primeira bateria. A segunda bateria teria o grid na ordem inversa à chegada da primeira.
Por exemplo: se Schummy e Rubinho emplacassem o primeiro e o segundo lugar, seriam os fecha raia e Alex Yoong (imaginem!) e Mark Webber os donos da primeira fila na segunda bateria. O vencedor e as demais posições da prova seriam definidos pela soma de tempo das duas baterias.
O inconveniente, para o público, seria o de acompanhar as colocações dos pilotos, já que visualmente seria impossível saber quem estaria liderando a corrida e seus seguidores, já que os tempos seriam confirmados só no final da segunda bateria. Em compensação seria divertido ver o pentacampeão Schumacher na poeira, lutando pelo recorde de ultrapassagens.
Tudo isso sem a pantomina da troca de carros, seguramente com muito mais disputa de posições e a obrigatoriamente muito mais ultrapassagens. E, finalmente, uma Fórmula 1 muito mais competitiva.
Que tal?
Lemyr Martins
posted by
Viviane at 12:34:00 AM
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