quarta-feira, setembro 03, 2003
André, dá licença? Tô pegando teu texto emprestado.
Motivos para ir ao show do Coldplay
Eu era mais um daqueles chatos que achava Coldplay uma banda de chorões. Em uma época em que Delgados, Wilco e reggae tocavam mais a minha alma, simplesmente não havia espaço para mais um hype vindo da Inglaterra. Até que em abril de 2001, a mulher com quem divido uma vida surgiu. E trouxe com ela dias ensolarados ao som de uma balada que ouvia na 89 FM aqui de São Paulo. Investiguei e não deu outra. A tal balada era Yellow, do álbum de estréia do Coldplay.
Até hoje não acho Parachutes grande coisa. Tirando Yellow, nada me empolga. Também nem precisava. É impressionante como a canção é contagiante, apaixonada, envolvente, superlativa. O refrão foi feito para você abrir os braços e cair em queda livre. Assim, caindo, caindo, caindo, igualzinho ao que a gente sente quando se apaixona.
Aí veio o segundo disco. Li que os guris ganharam o apoio do meu ídolo Ian Mcculloch. Coisa ruim não deveria ser. Mas nunca, nunca mesmo, pensei que A Rush Of Blood To The Head iria ser tão bom. Só os minutos finais da primeira faixa, Politik, já valem o investimento. É apoteótico. Mas tem muito mais. Tem In My Place, tem The Scientist, tem Green Eyes. Posso afirmar sem medo que a carga emotiva do álbum foi fundamental para o ritmo do meu romance Cassino Hotel (que sai até abril do ano que vem pela Rocco).
E amanhã tem show da banda aqui em São Paulo.
Confesso que nem estava tão emocionado com a notícia.
Mas aí decidi colocar A Rush Of Blood To The Head no som. E quer saber? Eu acho do caralho Coldplay. É muito mais punch do que qualquer White Stripes da vida. É muito mais violento do que qualquer Sepultura da vida. É muito mais fundamental do que qualquer Radiohead da vida. Porque música, para mim, não é aquela que mexe com os meus pés, que me faz bater cabeça, que serve como válvula de escape.
Música para mim é vida.
As outras bandas podem até ter mais energia.
Mas Coldplay tem mais coração.
E o coração é o que nos mantém vivos.
Pois é, o coração é o que nos mantém vivos. E não estou falando no sentido biológico.
Já disse e repito, estou farta de ter que conviver com gente sem paixão. Gente que se contenta com o mais-ou-menos. Gente que não sabe (coitados, coitados) o que é a respiração acelerada, o joelho virando geléia, o raciocínio ficando lento, porque você acabou de dar de cara com um sonho.
E sonhos dão trabalho. Não caem do céu. Deus ajuda, quando Ele resolve que a gente merece. Mas a gente tem que ir buscar. E tem gente, coitados, que não vai buscar. Meu Deus, tem gente que não sonha.
A bestest friend me disse ontem que eu tenho um lado William Wallace (eu? euzinha?), de querer convencer o povo de lutar pelas coisas, de querer contaminar as pessoas com a minha paixão; é porque eu não me conformo, não me conformo mesmo, de ver essa estagnação, esse conformismo, esse "tô nem aí" que parece ser a regra. Me chamem de idiota romântica, mas é isso mesmo. Eu sou movida a paixão. Posso ficar sem comer o dia todo, mas preciso ouvir uma música bonita, ver um filme tocante, conversar com um amigo sobre algo que me encante. Sem isso, eu definho.
Portanto, galerinha aí de Sampa - Randall, André, Beth, todo mundo que vai ver Chris Martin tocando The Scientist ao vivo: curtam, curtam muito, cantem junto, chorem. Por mim, também, porque paixão que não se compartilha não vale a pena.
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Viviane at 5:29:00 PM
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