segunda-feira, novembro 24, 2003
Nós, gatos, já nascemos pobres...
Eu tenho que contar pra vocês da gataria. Enfim.
A escola onde eu trabalho funciona num casarão antigo reformado, em Boa Viagem. O prédio é lindo. A recepção tem um pé-direito altíssimo, as janelas são gradeadas naquele estilo que se via nos anos setenta, e a escada tem corrimão de madeira (aha - terreno propício para escorregões). E, obviamente, o telhado é daqueles ultra-tradicionais, com telhas mesmo, do tipo que encaixa (e desencaixa).
Daí que uma gata de rua resolveu que um lugar ótimo para dar à luz aos seus filhotes seria a laje entre o telhado e o forro de gesso. E barulhos esquisitos começaram a ser ouvidos... e cheirinhos estranhos começaram a ser sentidos.
Chego na escola sábado e tudo está virado do avesso. Dois buracos imensos no teto. Escadas. Baldes. Poeira. Vasilhinhas de leite.
Seu Daniel, nosso faz-tudo, tentava esticar o braço pelo buraco e alcançar os gatinhos. Obviamente, não funcionou. A gata, que tinha saído pra procurar comida, voltou histérica e foi devidamente agarrada, e presa. Protestei - a bichinha foi amarrada pelo pescoço e eu jurava que ela ia sufocar; o povo dizia que eu estava exagerando, que a gata estava estressada e ia acabar se enforcando (?)
Estressei. Mas tive que ir dar minha aula, e lá pela hora do intervalo a situação estava mais ou menos controlada: três gatinhos numa caixa de papelão, a gata solta pelo pátio com cara de pouquíssimos amigos (obviamente; tenha quíntuplos, e então imagine alguém querendo levar seus filhos embora), e Olga dizendo que ia adotar a gatinha preta e levar a mãe e os irmãozinhos pra um albergue de animais em Candeias. E não é que a maluca levou mesmo os bichanos com ela? Os gatinhos no porta-malas, dentro da caixa; e a gata, no banco do passageiro. Quando Olga saiu com o carro, Dona Mamãe observava o movimento pela janela com o focinho mais blasé do mundo.
E ainda há dois gatinhos na laje. Aguardem cenas dos próximos capítulos.
posted by
Viviane at 10:44:00 AM
|