terça-feira, novembro 18, 2003
Se inveja matasse...
Echo & The Bunnymen tem o público na mão
Bruno Galera (do Terra)
Porto Alegre mais uma vez foi brindada com as melodias etéreas dos coelhos de Liverpool. O Echo & The Bunnymen fez no Opinião um show digno de uma banda vencedora: enérgico, vibrante e com uma platéia totalmente entregue à experiência desde os primeiros acordes.
Sem muitos atrasos ou interlúdios entediantes que costumam acometer performances de grandes estrelas, a banda entrou no palco ovacionada por todos que se encontravam no recinto. Com uma média de idade por volta dos 25 anos, o público desfilava camisetas de grupos da saudosa década de 80 sem grandes afetações. As pessoas estavam lá, antes de tudo, para conferir um belo show de rock. E foi isso que o quinteto proporcionou a um bar praticamente lotado de pessoas que pulavam, gritavam e dançavam enlouquecidamente todas as canções. A comunhão entre artistas e espectadores era total.
Ian McCuloch, usando o mesmo look há mais de duas décadas, pode parecer blasé para quem nunca o viu em ação. Mas cantando, o crooner é um verdadeiro mestre de cerimônias: durante o espetáculo, falou bastante entre as músicas (em português e inglês), abaixou-se para ouvir pedidos e súplicas dos fãs, arriscou umas embaixadinhas com um toco de cigarro e provou que está em forma, dançando virtuosamente como se estivesse no set de "Os Embalos de Sábado à Noite". Os óculos escuros, uma de suas maiores marcas, dessa vez apresentaram-se mais claros, para delírio da massa hipnotizada pelos movimentos do vocalista.
O maior destaque, no entanto, ficou por conta da apresentação do guitarrista Will Sergeant. Ele pode estar fisicamente mais recheado que o seu companheiro, mas o fato é que gordura foi o que não se viu nas palhetadas do músico. Com intervenções precisas, mesclando muito barulho com algumas demonstrações de puro virtuosismo, o homem das seis cordas provou porque é, junto com The Edge, do U2, um dos mais influentes guitar-heroes de sua geração. Seu estilo inconfundível é facilmente perceptível no som de algumas das bandas mais populares da atualidade, como Radiohead e o Coldplay.
O repertório baseou-se fundamentalmente no último disco do grupo, "Live in Liverpool". Mesmo assim, foram reservadas algumas surpresas para os fanáticos gaúchos, como a execução do velho hit "Bring On The Dancing Horses", um dos momentos mais empolgantes de todo o show.
Intercalando momentos de uma agressividade quase punk e baladas soturnamente belas, a banda conduziu com tranqüilidade o seu espetáculo. Naturalmente, o ápice se deu em "The Killing Moon", cantada na sua boa parte em altos brados pela platéia, enquanto Ian dava uma pausa para algumas tragadas. O solo marcante de Sergeant foi acompanhado com um misto de reverência e estupefação por quem ainda não acreditava no que estava vendo.
A casa apresentou um som alto na medida e equalizado de uma forma satisfatória como há muito não se ouvia pelas bandas de cá. O resultado da noite foi até previsível: mais uma daquelas histórias para se contar para os netos.
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Viviane at 4:13:00 PM
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