Alta Fidelidade


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terça-feira, dezembro 16, 2003

 
E eu que achava que era a Terra que andava girando mais rápido...

O tempo não pára
MAURÍCIO TUFFANI
free-lance para a Folha de S.Paulo

Ao final de cada ano, a impressão parece ser sempre a mesma: os últimos 12 meses passaram mais depressa do que no ano anterior. Pode ser na forma de um balanço da vida ou de uma simples constatação motivada pelo calendário, não importa: não há como deixar de notar ou de ouvir alguém dizendo que o último ano passou "voando", e muito mais rápido que o anterior.

Ao contrário do que acontece com as crianças que têm a impressão de que o Natal nunca chega e perguntam se vão ter de esperar "para sempre" pelo seu presente, a partir dos primeiros anos da fase adulta o tempo parece nos atropelar.

Apesar de, no dia-a-dia, as pessoas buscarem todos os meios possíveis para fugir do tédio e sentir os momentos passarem mais depressa, não é sempre, principalmente quanto mais jovens forem, que elas tomam consciência de que o tempo que passou não pode ser recuperado. Coisa dos tempos modernos ou culpa das novas tecnologias? Nada disso. "Foge o irrecuperável tempo", já dizia há pouco mais de 2.000 anos o poeta latino Virgílio (70-19 a.C.) em suas "Geórgicas", cujos versos traziam já naquela época profundas reflexões sobre o sentido da vida.

Longe de ser uma suposição sobre algo que pode variar de pessoa para pessoa, a percepção de que o tempo passa cada vez mais depressa é aceita por muitos pesquisadores como um fato que vale para todo mundo.

Em 1997, os pesquisadores James Tien e James Burnes, do Instituto Politécnico Rensselaer, em Troy, no Estado de Nova York, mostraram que a percepção da passagem do tempo varia de acordo com a idade dos observadores mas também, e muito, de uma época para outra. Em outras palavras, percebemos hoje o tempo passar muito mais depressa do que uma pessoa da mesma idade percebia no passado.

Segundo os resultados do estudo de Tien e Burnes, publicado em novembro do ano passado na sisuda e conceituada revista "Transactions on Systems, Man, and Cybernetics", para uma pessoa de 22 anos, em 1997, o ano pareceu passar 8% mais depressa do que para quem tinha a mesma idade em 1897. Para uma pessoa com 35 anos de idade, nesse mesmo intervalo de cem anos, a diferença foi de 22%. A variação obtida para pessoas ainda mais velhas foi muito maior: segundo a pesquisa, um indivíduo de 62 anos em 1997 percebia o tempo passar 7,69 vezes mais rápido que uma outra da mesma idade cem anos antes. Ou seja, 669% mais depressa, para comparar com as outras duas idades.

Para chegar a essas conclusões, Tien e Burnes trabalharam com dados de produtividade de escritórios de registros de patentes dos Estados Unidos nos anos de 1897, 1947 e 1997. Um dos pontos de partida do estudo foram os dados relativos à expectativa do número de patentes para cada um desses anos, com base nos respectivos anos anteriores.

Pela hipótese dos pesquisadores, assim que o número de registros esperado fosse atingido, os funcionários —que processam as informações sobre novos inventos e produtos— viveriam a impressão de que o ano já teria terminado. Independentemente de a taxa de produção de patentes ter crescido, para os pesquisadores pareceria que os 12 meses teriam passado mais rápido. Segundo Tien e Burnes, a percepção de períodos de tempo se dá principalmente por meio da realização de um número previsto de eventos para um determinado intervalo. Com base nos dados coletados, eles aplicaram modelos matemáticos destinados a comparar a percepção das mudanças por pessoas de 22, 35 e 62 anos em 1897, 1947 e 1997.

A pesquisa não tinha o objetivo de descobrir a causa da crescente velocidade da percepção da passagem do tempo de uma geração para outra, mas sugere que essa variação de velocidade de percepção (entre 1897 e 1997) esteja relacionada às mudanças na educação e na formação geral das pessoas, principalmente em função das novas tecnologias.

Em entrevista por telefone, Tien, chefe do Departamento de Sistemas de Decisão no Rensselaer, afirmou que a diferença de percepção deverá continuar a crescer ainda mais rapidamente. "Com a internet e com a comunicação e a transmissão de informações em tempo real, então, certamente será muito maior", disse o pesquisador, filho de chineses nascido em Nova York, que morou em São Paulo dos 5 aos 15 anos e hoje mal consegue conversar em português.

Embora façam a ressalva de que são necessárias outras pesquisas para confirmar os resultados por eles obtidos, Tien e Burnes afirmam que o estudo é exploratório, isto é, abre uma linha inédita de investigação e coloca novas questões para a ciência. Por exemplo, os resultados obtidos não valem para a percepção de períodos diferentes de um ano. Quais seriam, perguntaram eles, os resultados de um levantamento em que as pessoas tivessem de estimar um intervalo de dois ou até de cinco minutos? Qual seria a diferença se fosse feito em diversos países? Como os fatores da formação e da natureza interferem na percepção do tempo em diferentes idades e em diferentes épocas?

O interesse dos dois pesquisadores pelo assunto começou a partir de uma reportagem feita sobre o estudo do psicólogo Peter Mangan, então professor da Universidade de Virgínia (EUA), no final de outubro de 1997. No encontro anual da Sociedade para a Neurociência, em 1998, em Nova Orleans, Mangan anunciou que a idéia de que o tempo parece passar cada vez mais rápido não era uma mera suposição. Segundo o psicólogo, essa constatação foi feita com base na medição da percepção do intervalo de um minuto realizada com grupos de voluntários de quatro diferentes faixas de idade: de 10 a 14 anos, de 20 a 24 anos, de 45 a 50 anos e de 65 a 75 anos.

Na pesquisa, as pessoas foram estimuladas a avisar os cientistas quando um minuto já tivesse passado, para que eles pudessem ter dados sobre a percepção de cada um. Para o grupo mais jovem, o minuto parecia acabar aos 55 segundos, ou seja, o tempo real de 60 segundos parecia ser 8,3% mais lento do que a sua "realidade". Para o grupo no início da idade adulta, houve uma percepção praticamente igual aos 60 segundos. Para os voluntários da faixa dos 40 anos, o minuto real pareceu ser 9% mais rápido, pois eles só o percebiam após cerca de 65 segundos. Para os mais velhos, essa variação foi de 23%, ou seja, somente após cerca de 74 segundos eles achavam que se completavam os 60 segundos.

Por pouco o ditado "publique ou morra" (em inglês, "publish or perish") não valeu para Mangan, que não havia publicado os resultados de sua pesquisa, feita com a colaboração de seus alunos do curso de psicologia na Universidade de Virgínia. Os próprios informativos acadêmicos só se deram conta da novidade em março de 1999, quando o jornal "The New York Times" publicou uma reportagem sobre o estudo —a mesma que inspirou a pesquisa de Tien e de Burnes.

Hoje, trabalhando na Universidade do Norte do Arizona, em Yuma, Mangan está quase pronto para o debate científico em torno do assunto, pois já concluiu, com sua colaboradora Martha Carter, dois artigos com dados de novos grupos de voluntários.

O trabalho de Mangan e o de Tien e Burnes tratam de coisas distintas. "Uma coisa é a diferença de acordo com a idade na percepção do tempo para intervalos curtos, de um minuto, por exemplo. Outra coisa é essa diferença na percepção de períodos longos, como meses e anos. Elas podem ter causas muito distintas", diz o neurofisiologista Luiz Eugênio Mello, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Mello concorda com afirmações como a de Mangan —de que a percepção de períodos curtos de tempo é certamente influenciada pela variação dos níveis de uma substância, a dopamina, que, entre outras coisas, atua nos mecanismos cerebrais de controle do tempo. Mas o pesquisador da Unifesp ressalta que fatores emocionais podem também interferir na impressão que as pessoas têm da passagem do tempo. "A ansiedade pode fazer com que o tempo pareça mais longo do que é. Como as pessoas mais velhas, em princípio, têm mais controle sobre suas emoções do que as mais jovens, a tendência delas é não ser afetada por esse fator", afirma.

A impressão de não estar dando conta do tempo não significa uma desvantagem das pessoas de mais idade com relação aos jovens. Esse fenômeno está diretamente ligado à maior seletividade e à maior objetividade que indivíduos mais idosos têm na captação de dados, segundo o psicobiólogo Gilberto Ferreira Xavier, professor de fisiologia do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo). Embora não estejam atentas a todos os eventos à sua volta —o que traz a impressão de não acompanharem tudo o que acontece em um determinado período—, as pessoas de mais idade concentram sua atenção naqueles fatos que para elas são mais importantes.

Essa maior seletividade na percepção do mundo, segundo Xavier, está diretamente relacionada ao fato de as pessoas serem mais racionais à medida que vão amadurecendo, ponderando com maior profundidade sobre os fatos novos selecionados e relacionando-os com o banco de dados acumulado durante sua experiência de vida.

Outro aspecto importante ligado à idade é que, apesar de diminuir com o tempo a produção de novas sinapses (as conexões nervosas que devem acontecer para que as células do cérebro possam se comunicar entre si e, entre outras coisas, produzir pensamentos), há um aperfeiçoamento na rede de conexões entre essas células nervosas devido ao aumento de uma camada de gordura que reveste os seus longos eixos, os axônios. Trata-se do desenvolvimento da chamada bainha de mielina, que o neurofisiologista Luiz Eugênio Mello, da Unifesp, explica por meio de uma metáfora: "É como um fio elétrico encapado, que está mais protegido que um sem revestimento, mais exposto a um curto-circuito".

Esse processo de revestimento dos eixos dos neurônios —a mielinização— começa no ser humano ainda em formação e se conclui por volta dos 35 anos de idade. Como em uma rede de circuitos elétricos devidamente isolados e com menor risco de curtos-circuitos, esse processo otimiza as conexões entre os neurônios e favorece as funções cerebrais mais evoluídas, fazendo com que a pessoa seja, por exemplo, cada vez menos impulsiva e mais ponderada, segundo Mello. Para ele, a maior seletividade dos mais velhos na captação de dados é beneficiada por essa maturação neuronial por meio da mielinização, que já atingiu seu auge.

Por si só, o poderoso banco de dados dos mais velhos leva a uma percepção de que o tempo passa muito mais rápido para eles. A cada dia, cresce o registro de dados sobre o passado no cérebro. "As lembranças do passado competem com as idéias que temos do futuro, diminuindo cada vez mais a sensação do presente", diz a psicóloga Maria Alice Pimenta, professora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

As pesquisas mostram, portanto, que não há nenhum problema na impressão de que a vida passa depressa demais. Estudos comprovam que essa percepção deve acontecer com todas as pessoas e que existem diversas explicações possíveis para esse fenômeno. No entanto, assim como essa percepção pode ser influenciada pela emoção, pode também ser intensificada por pessoas que julgam, corretamente ou não, terem desperdiçado tempo na vida.

Exceto nos casos em que haja distúrbios emocionais que exijam cuidado profissional, como os de ansiedade, os especialistas recomendam que a melhor forma de lidar de maneira equilibrada com a sensação da passagem do tempo é dar mais atenção ao dia-a-dia. "Como há vários fatores envolvidos, não existe uma fórmula única para lidar com ele", afirma Maria Alice. Segundo ela, existe apenas uma recomendação a ser seguida: valorizar o presente.

Essa valorização consiste basicamente em estar mais atento às próprias ações e emoções no dia-a-dia, concorda o psicólogo José Roberto Leite, coordenador da Unidade de Medicina Comportamental da Unifesp. "Passamos geralmente a vida em brancas nuvens, sem ter plena consciência do que estamos vivendo a cada momento. É preciso focar a atenção no que está acontecendo conosco, interna e externamente", diz. Como exemplo da falta de atenção que deve ser evitada no dia-a-dia, o psicólogo fala da alimentação. Segundo ele, as pessoas deveriam, a cada refeição, prestar atenção ao sabor, à aparência e ao cheiro dos alimentos.

Não se sabe ainda se é possível evitar essa sensação que nos castiga quando olhamos em retrospectiva nossas vidas. A automatização dos atos cotidianos, segundo o professor Leite, leva à perda do prazer, e é dessa perda que muitas vezes as pessoas se ressentem quando têm a impressão de que a vida passou depressa demais.