sábado, janeiro 10, 2004
Até que enfim, vida inteligente na TV aberta:
Emoções de "24 Horas" movimentam as noites de janeiro na Globo
KIKE MARTINS DA COSTA
Colunista do UOL
A partir desta segunda-feira (12), a Globo substitui as sonolentas reprises do "Programa do Enjôo", ou melhor, "Programa do Jô", pelas emocionantes aventuras de Jack Bauer (Kiefer Sutherland), o protagonista do seriado "24 Horas".
A série inovou ao contar sua história em tempo real - são 24 episódios de uma hora de duração, contando o que aconteceu num determinado dia da vida de Jack Bauer (Sutherland). A todo momento, a tela é preenchida por um relógio mostrando que horas são na trama. Até durante os intervalos comerciais o cronômetro segue contando.
E essas 24 horas mostradas no seriado não foram exatamente um dia comum. Tudo começa na noite que antecede a convenção que vai sacramentar o nome do senador David Palmer (Dennis Haysbert) como o primeiro candidato negro à presidência dos Estados Unidos, com reais chances de ganhar a eleição e chegar à Casa Branca. Como nem todo mundo gosta dessa idéia, um atentado é armado para matá-lo em Los Angeles neste fatídico dia. Só que a C.I.A. fica sabendo desse plano e tenta impedir que isso aconteça.
Esta é a missão de Jack Bauer, agente que é o chefe da unidade anti-terror da C.I.A. na Califórnia. E, por mais complexo que seja caçar um terrorista solto na cidade com um plano arquitetado para burlar a segurança de um candidato à presidência dos Estados Unidos, as coisas ainda vão ficar muito mais cabeludas para Jack quando sua filha se meter numa encrenca nesta mesma noite e um dos seus principais assistentes se revelar um traidor, um espião justamente do grupo terrorista que ele está tentando desbaratar. Assim tudo fica mais divertido, não?
Juntamente com a idéia revolucionária de contar uma história em tempo real, o outro trunfo de "24 Horas" é seu rocambolesco roteiro, com uma profusão de reviravoltas e guinadas surpreendentes. A qualidade do texto rendeu ao seriado um Emmy, o Oscar da TV norte-americana, a seus roteiristas em 2002.
Já na primeira hora, ou seja, no primeiro episódio, dá para se ter uma idéia da série: Jack dá um tiro proposital em um colega de trabalho, a escapulida de sua filhinha se transforma de um encontro romântico em um pesadelo e, por fim, o mais impressionante, acontece a chegada do terrorista contratado para matar o senador Palmer. Recrutada na Europa, para levantar menos suspeitas, essa pessoa explode o Boeing 747 a bordo do qual está chegando de viagem em pleno vôo, nas proximidades de Los Angeles. Antes do avião explodir, evidentemente, nosso assassino salta com um pára-quedas e dá um jeito de chegar são e salvo ao solo, entrando nos Estados Unidos sem que ninguém saiba, sem registros, digitais (!) e qualquer rastro. Para todos os efeitos, ele é mais um dos centenas de mortos vítimas do acidente com o avião.
A trama inclui ainda um grupo de sérvios malvados comandado por Dennis Hopper, um escândalo envolvendo o senador Palmer e uma visita do candidato presidencial a uma usina nuclear, só para deixar o telespectador mais aflito.
"24 Horas" tem todos os ingredientes para fazer uma boa performance na TV aberta brasileira. O único problema será o horário e o formato. Afinal, por conta dessa inovadora fórmula de contar a história numa seqüência, com os episódios cheios de ação e exibidos numa determinada ordem, é muito fácil o público abandonar o programa no meio e é muito difícil quem não assistiu aos primeiros episódios entrar na história depois que ela está começada.
Esse foi, aliás, o grande problema na hora de definir se haveria ou não uma segunda temporada do seriado nos Estados Unidos. A audiência média da primeira leva de episódios havia sido apenas razoável, mantendo a rede Fox em sua tradicional quarta colocação no ranking. Na hora de rodar uma segunda temporada, os produtores queriam abandonar a fórmula do tempo real e fazer episódios "auto-suficientes", com começo, meio e fim. Até Rupert Murdoch, o dono do conglomerado de comunicações que controla a rede Fox, foi consultado para decidir o que deveria ser feito. Decidiu-se então que a segunda temporada de "24 Horas" manteria o formato original, pois de outra forma não teria sentido dar continuidade. Assim foi feito, e a audiência do programa subiu em seu segundo ano. A coisa deu tão certo que Kiefer Sutherland assinou um contrato para receber US$ 15 milhões nos próximos anos para atuar nas seis próximas temporadas de "24 Horas"!
"24 Horas" será exibido de segunda a sexta, sempre após o "Jornal da Globo", a partir desta segunda, dia 12.
E quem se importa em dormir? Cafeína é pra isso mesmo ;)
posted by
Viviane at 2:11:00 PM
|