terça-feira, novembro 09, 2004
And it was a night to remember
A foto é da apresentação de Manaus, já que o site oficial da OSESP não está atualizado com as notícias de Recife.
Que noite esplêndida. Nem os palhacinhos de plantão que insistem em aplaudir entre movimentos conseguiram diminuir o brilhantismo da OSESP. E com a Quinta Sinfonia de Beethoven no programa...
E quem sabe agora esse povo se anima e resolve prestigiar os concertos da Sinfônica do Recife? Engraçado como as coisas são - só porque era uma orquestra famosa, o teatro lotou. Os concertos da OSR são de graça, e sempre sobra espaço no Santa Isabel. Sem o apoio da própria cidade, como é que eles podem ir em frente? Concordo com o que John Neschling disse - é preciso procurar patrocínio. Mas também é preciso criar uma educação musical de qualidade para o povo, ao invés de se financiar Recifolias da vida...
Neschling critica falta de apoio
(JC online)
Maestro diz que orquestras dependem do poder público e que Governo Federal nega apoio à Osesp
PAULO SÉRGIO SCARPA
O maestro John Neschling, regente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), está convicto que uma orquestra não pode ser totalmente mantida pela iniciativa privada. “Isso é uma falácia. Isso não existe”, afirmou, sábado passado, para a platéia atenta e generosa em aplausos que lotou o Teatro Santa Isabel para o primeiro concerto da Osesp no Recife. “Todas as grandes orquestras do planeta são mantidas pelo poder público”, afirmou. Mesmo assim, acrescentou, “de vez em quando a Osesp consegue fazer com que a sociedade trate a orquestra como sendo sua e recebe o apoio da iniciativa privada”.
Neschling acabou tratando, num improviso à platéia, de um tema que se negou a comentar em entrevista ao Jornal do Commercio. “Esta primeira turnê por 14 cidades do Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil tem, particularmente, o apoio da Semp Toshiba, que teve a generosidade de nos ajudar num momento em que temos uma parceria grande com a empresa em São Paulo”, disse.
O maestro, que regeu obras de Rossini (abertura de O Barbeiro de Sevilha), Camargo Guarnieri (Suíte Vila Rica), Beethoven (Quinta Sinfonia), Guerra Peixe/Clóvis Pereira (Mourão) e Von Suppé (Cavalaria Ligeira), elogiou e criticou o Teatro Santa Isabel. “É bom estar aqui no Recife, cidade maravilhosa, principalmente tocando num teatro tão lindo como este. Na verdade, o teatro mais lindo que já passamos até agora pelo Brasil”. Muito aplaudido, observou, que, apesar a acústica é “muito boa”, mas “um pouquinho seca” e “precisava ter um pouco mais de reverberação”, sintetizou, educadamente.
Neschling se queixou da preservação dos teatros onde a Osesp tem se apresentado. “Como toda noite a gente toca num teatro diferente é sempre bom chegar num teatro bonito, é como chegar num hotel ou numa casa bonita. Não é bom chegar num teatro onde não nos recebam generosamente. Tocamos em muitos teatros onde a acústica não é boa. E é muito difícil para uma orquestra quando o som pára no palco, não prossegue para a platéia, o que torna difícil o contato com o público”.
O regente também agradeceu ao Governo paulista pela recriação da Osesp, patrocínio das mudanças e aporte financeiro nesses últimos sete anos com Neschling à sua frente. Ele anunciou mais três turnês até 2007: América Latina, em 2005, EUA, de costa a costa, em 2006, e Europa, em 2007. “Por isso, não poderíamos tocar fora do País antes de tocar no Recife e nas principais cidades brasileiras”, disse.
Neschling criticou as dificuldades para se realizar uma turnê pelo Brasil. “A logística de uma viagem pelo Brasil é muito mais difícil que viajar pela Europa. Lá, eles têm aviões suficientes, têm hotéis bons e, aqui no Brasil, não”. Mas, segundo disse, “vale a pena porque não somos uma orquestra de São Paulo”.
“Quando tocamos em Genebra, em Viena, em Nova Iorque, não estamos representando uma orquestra de São Paulo, mas uma orquestra brasileira, do Recife, de Manaus, de João Pessoa. Somos um cartão de visita do nosso País e nada mais natural do que o Governo Federal nos ajudasse, mas ele não nos ajudou. Quem nos ajudou, como sempre, foi o Governo do Estado de São Paulo, que tem sido de uma generosidade e de uma inteligência extraordinárias ao ajudar essa orquestra que, aparentemente é cara, mas que não é cara diante do custo-benefício para o País”.
A Osesp tem cerca de 10 mil assinaturas, toca para cerca de 190 mil pessoas por ano somente na Sala São Paulo, grava seus próprios CDs com música brasileira, recupera partituras de compositores brasileiros e se apresenta para 120 mil estudantes na Sala São Paulo dentro de um programa de iniciação musical, além de ter um centro de pesquisa musical. “Temos um trabalho voltado para o público adulto, para o jovem e para o público infantil. Somos 350 pessoas trabalhando diariamente para que a Osesp faça 130 concertos por ano somente na Sala São Paulo e os músicos trabalham em tempo integral e ganham bem para isso, mas o melhor é o prestígio que damos ao País, a São Paulo e o prazer que damos à população paulista”, disse.
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Viviane at 9:09:00 AM
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