sábado, fevereiro 12, 2005
Martin, Leo, Cate & Howard... e o Major Jocelino
Crescendo dentro de uma base aérea, eu só podia mesmo ser louca por aviões. Ainda me lembro de um dia em Brasília (eu devia ter uns cinco anos, imaginem como esse fato foi marcante) em que o meu pai me pegou pela mão, em plena pista, e me levou pra ver os Mirages da Força Aérea Brasileira. Aquelas aeronaves de caça, enormes e lindas ("o papai não voa neles", ele me disse, enquanto eu olhava fascinada). Algum tempo depois, foram os F-5 na Base de Campo Grande, onde eu cresci, e lá pelos meus 13 anos eu tive a chance de ver bem de pertinho os maravilhosos aviões da Esquadrilha da Fumaça. Passei a infância e adolescência de filha de tripulante voando de Búfalo, Bandeirante, C-130. Meu pai na cabine de comando era a garantia de que eu estaria segura e o vôo correria bem. Como algo poderia dar errado, com ele na tripulação?
As paredes do apartamento ainda são decoradas com fotos de aviões militares. E eu continuo amando a aviação, e adorando aeroportos e o barulho das turbinas a jato. Ocasionalmente, ainda assisto Top Gun ou aqueles filmes antigos de guerra com o Major, enquanto ele faz observações sobre o que é possível acontecer e o que é pura ficção.
Portanto, eu só poderia ter duas reações com O Aviador: amar ou detestar o filme. E desde Império do Sol uma cena de decolagem não me emocionava tanto. A Gal torcia as mãos do meu lado: "Vi, ele consegue? O avião voa?", e eu só sorria, encantada. Martin Scorsese é um dos meus xodós cinematográficos, junto com David Lynch, Ridley Scott, Woody Allen e Steven Spielberg. É daqueles diretores que mesmo cometendo um equívoco (Scott pisou na bola feio com Falcão Negro em Perigo, mas ele fez Blade Runner e ponto), sempre consegue ter ao menos um momento brilhante em cada filme. E eu fico feliz que ele tenha perdido o Oscar com Gangues de Nova York, porque seria um prêmio de consolação. Com este filme, vai ser um Oscar merecidíssimo.
Concordo com as palavras da Gal - Cate Blanchett ilumina a tela (e eu sou fã declarada dela desde Elizabeth). Alec Baldwin e Alan Alda dão o tom certo como antagonistas de Howard Hughes. E Leonardo diCaprio (que deu um passo em falso em Titanic e quase acaba com a carreira, mas que eu sempre achei um ator excepcional) atingiu a maturidade de uma forma impressionante. O papel é difícil, cheio de nuances, e ele nunca cai no caricato, nunca é bidimensional. Aplausos. Ele merece.
Três horas de projeção, cinema lotado e uma platéia tão respeitosa quanto atenta (algo difícil de acontecer numa sexta à noite no Multiplex). Grande filme. Assistam.
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Viviane at 8:35:00 PM
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