sexta-feira, abril 01, 2005
Da coluna do Lúcio Ribeiro da semana passada:
ELE PERDEU O CONTROLE
O fantasma atormentado de Ian Curtis volta a assombrar o pop. O líder-mártir do abençoado Joy Division, banda de Manchester do pós-punk, está muito entre nós, embora há muito não esteja entre nós. Em maio próximo é lembrado os 25 anos da trágica morte do cantor, considerado o Jekyll e Hyde do rock. Curtis se enforcou aos 23 anos. Foi encontrado morto no dia 18 de maio de 1980, um dia antes de o Joy Division partir para sua primeira turnê nos Estados Unidos. A efeméride funestra, a volta agora do New Order (a continuação do Joy Division sem Curtis), um filme sobre sua vida e a influência de sua banda sobre algumas das principais bandas novas recolocam seu nome na ordem do dia. Nos próximos dias devem ser anunciados o elenco, o título e os detalhes da produção de "Control", ou "Touching from a Distance", que vai levar às telas a curta e marcante história de Ian Curtis. O ator Jude Law pode interpretá-lo. Outro cotado a reviver a vida do garoto tímido de família que às vezes se transformava em um sujeito violento (e, doente, muitas vezes teve ataque epilético em pleno palco) é Sean Harris, que já foi Curtis no filme "A Festa Nunca Termina" ("24 Hour Party People", 2002). "Touching from a Distance" é o nome da famosa biografia de Ian Curtis lançada em 2001, a vida do cantor sob a perspectiva de sua viúva, Deborah, que concordou com o filme desde que seja realizado pelas pessoas que conviveram com o ex-marido. Tony Wilson, importante agitador da cena de Manchester do punk até o Happy Mondays, vai co-produzir o filme com Deborah. O notável fotógrafo do rock Anton Corbijn assinará a direção. O músico e produtor americano Moby, fã declarado de Joy Division, terá seu nome envolvido com o filme, foi revelado. Duas trilhas sonoras chegarão às lojas junto ao lançamento de "Control". Uma com músicas do Joy Division. Outra com outras bandas interpretando Joy Division. Parece que Tony Wilson já enviou músicas da banda de Ian Curtis para U2, Morrissey, Doves, Kraftwerk, Marilyn Manson e o próprio Moby, entre outros. E só o grupo alemão negou o projeto, alegando incapacidade de mexer com uma música do Joy Division. Enquanto isso, o novo rock reverbera Joy Division por vários poros. A revista britânica "Q" mapeou a influência do grupo da nova música deste modo: * a voz de barítono: o cantor do Interpol, Paul Banks, incorpora Curtis no tom de voz e na capacidade de cantar situações de desespero. * a bateria seca e quebrada: o ótimo Bloc Party reproduz hoje nas batidas o que Stephen Morris fez lá em 1978. * o baixo marcante: A pulsação de Peter Hook pode ser ouvida nas boas músicas do grupo americano The Killers. * a barba: O Peter Hook de 1980 e Jimi Goodwin, do Doves, entram em qualquer seção de "separados no nascimento". * a roupa "militar chic": A excêntrica banda British Sea Power, tal qual Curtis e Hook lá atrás, adoram se vestir como um capitão do exército alemão.
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JOY DIVISION - AMOR E MORTE
A história é velha, e foi reproduzida na "Q" e na "Mojo", nas últimas edições de dessas famosas revistas de música do Reino Unido. Em 17 de maio, por volta das 17h, depois de um ensaio que visava já a turnê americana, Peter Hook deu carona para Curtis até a casa dos pais do cantor. "A gente voltou falando sobre a excitante expectativa de tocar nos EUA." O que se sabe é que mais tarde Curtis teria ido para sua casa e viu "Stroszek", filme do diretor alemão Werner Herzog (em que um músico de rua da Alemanha vai para os EUA viver o sonho americano e acaba achando melhor ver o suicídio). Tarde naquela noite, Deborah chegava em casa, vindo da disco onde trabalhava. O casamento dos dois estava terminando em divórcio, depois que Deborah descobriu que Curtis tinha uma amante. Uma groupie belga chamada Annik. Naquela noite, Curtis não deixou Deborah entrar em casa. Pediu para ela ir dormir nos pais. Cansada do trabalho e das brigas, Deborah concordou. Depois que a mulher se foi, Curtis fez um café, botou "The Idiot" (Iggy Pop) para tocar e se enforcou com os lençóis da cama. Como bilhete de despedida para Deborah, deixou a música "Love Will Tears Us Apart" ("O Amor Vai Nos Dilacerar"), que viria ser a mais famosa música do Joy Division.
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A HISTÓRIA DE "LOVE WILL TEARS US APART"
"Por que o quarto está tão frio? E você deitada ao meu lado, virada para a parede." A música escrita por Ian Curtis à beira do suicídio trazia na letra uma mensagem final para seu casamento com Deborah e até para sua própria vida. "É isso. Algo tão bom simplesmente não pode funcionar mais." "Love Will Tear Us Apart" virou o hino mais bem-sucedido da banda, ao chegar ao número 13 na parada inglesa. Para uma banda pós-punk "difícil" e mesmo impulsionada pelo apelo da morte de Curtis, a música foi longe no chart, dado o perfil vendedor da época. Escrita em setembro de 1979, ela começou a aparecer ao vivo e foi imortalizada numa famosa session para o programa do DJ de rádio John Peel. Numa primeira gravação de estúdio, já em janeiro de 1980, a música acabou com uma levada bem mais rápida. A banda odiou o resultado. Em março, nos arranjos finais para o que seria o segundo e último CD do Joy Division, "Closer", o grupo regravou uma versão mais devagar de"Love Will Tear Us Apart". Mas a música acabou fora do CD. Ainda assim a banda achou uma boa idéia, com o sucesso da versão para a Peel's Session, que a canção saísse como um single de "aquecimento" para o disco, sem que depois fosse preciso colocá-la no álbum. Quando perceberam que "Love..." poderia virar um hit, chegaram a esquematizar um videoclipe para ela. Mas Ian Curtis estava numa péssima fase de sua epilepsia e logo depois morreria. Um mês depois do suicídio do cantor, "Love Will Tear Us Apart" era lançada. E o título da música foi escrito na lápide de Ian Curtis. Em 1983, o New Order, sucessor do Joy Division, tocou "Love..." ao vivo pela primeira vez. A comoção foi tanta que o single foi relançado na Inglaterra.
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Viviane at 7:27:00 PM
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