sábado, abril 02, 2005
Eu deixei de ser "católica" há muitos anos, quando encontrei o espiritismo através da minha mãe. Hoje, sou cristã - abandonei qualquer religião institucionalizada, por razões estritamente pessoais, e acredito que a fé está no coração de cada um e não dentro de uma igreja.
Mas a gente cresce dentro de uma religião e por mais que as idéias mudem, ela fica dentro da gente de uma forma quase irreversível. Por isso, ainda faço uma genuflexão a cada vez que entro em uma igreja, e embora não comungue mais, ainda me lembro de cada passo do ritual da missa. E assistir à missa na Catedral de Curitiba, em julho do ano passado, me deu uma paz de espírito absurda. Os meus pais se casaram lá. Minha avó materna, a Vó Dirce, era católica fervorosa e foi ela quem me deu, no dia da minha primeira comunhão, o rosário branco que está na cabeceira da minha cama, e que vai comigo na mala sempre que eu faço uma viagem mais longa. Foi também ela quem me deu a medalhinha de Nossa Senhora Aparecida abençoada pelo Papa João Paulo Segundo. Ele rezou missa em Curitiba no parque que fica atrás do edifício onde a minha avó morava, e ela não pôde ir porque a artrite já andava castigando. Mas minha avó comprou quatro medalhinhas - uma pra cada neto, meu irmão não tinha nascido ainda - e colocou na janela, para que o Santo Padre as abençoasse ao passar.
Eu ainda carrego aquela medalhinha comigo, sempre. E embora um objeto em si não signifique nada, aquele pequeno presente da minha avó carrega tanto valor sentimental que é o mesmo que um tesouro. Eu creio na proteção que ela me traz, creio que a força do amor que ela tinha (e tem) por mim afasta o mal que existe por perto, e que a bênção do chefe da Igreja que ela seguia e na qual eu fui batizada está comigo em todas as horas.
E quem sabe agora a Dona Dirce não vai pedir aquela bênção de mais pertinho? Pelo menos é o que a minha fé me faz acreditar. No fundo, cada um tem a sua. E é por isso que se chama fé - não há racionalização que justifique.
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Viviane at 5:24:00 PM
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