sábado, fevereiro 25, 2006
Flashes de um feriado
Alguns preferem o Galo, eu fico com Jane Austen. Quem achar ruim, vá ler outro blog.
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Quem me conhece bem sabe que eu tenho problemas toda vez que volto de viagem. Porque Recife, pra mim, é apenas um local de trabalho. Minha carreira está toda aqui, por enquanto, e eu tenho consciência de que é temporário, mas não posso meter os pés pelas mãos na pressa e deixar as coisas feitas pela metade. E existe, obviamente, a questão dos meus pais; fora de cogitação sair daqui enquanto meu irmão não voltar da Alemanha. Então, aquela sensação de "oba, estou em casa" que vem quando eu pouso em Guarulhos, ou no Afonso Pena, em Curitiba, se transforma em "até quando?" quando eu chego aqui.
Mas ontem, no cinema, com Gal, Virág e Kelnner, eu estava pensando - novamente - que as pessoas que a gente ama sempre são o melhor motivo do mundo pra se estar em qualquer lugar. Mesmo que aquele lugar não seja o seu - e, no caso, nem o deles.
E, Virág, querida, aquele plano de dividir um apartamento em Curitiba não foi só palavras ao vento, ok? ;)
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Minha voz está voltando. Graças a Deus, porque na quinta-feira eu estava dando aula e minha voz estava soando como a de um pato. Tipo assim, Margarida, entendem?
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Alguém salve o Bono das garras do Gilberto Gil, por favor.
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Sessão tripla no cinema ontem - o Box Guararapes está a TRÊS reais! Então, fomos ver Fora de Rumo e rever Orgulho e Preconceito e Syriana.
Fora de Rumo só vale por Clive Owen, cujo único trabalho no filme é parecer incrivelmente sexy e recitar os diálogos com aquela voz absurda. Gal me disse o que ela achava que ia acontecer depois de uns vinte minutos, mas era o desfecho mais óbvio e eu me recusava a crer que o roteirista ia apelar pra tal clichê, mas... bingo! De toda forma... sexta-feira de carnaval, shopping vazio, amigos, filmeco a três reais, e com o Clive? Vou reclamar não ;)
Syriana foi a minha terceira tentativa. Deve haver agum karma que envolve a mim e esse filme, porque eu só consegui ver tudo ontem. Cochilei das outras vezes. E olhem que o filme é muito bom. O problema da primeira vez foi que eu tinha acordado cedíssimo e passado o dia na facul, e da segunda, bem, foi a terça pós-show. Eu só fui pro cine pra passar o tempo até dar a hora de ir pro aeroporto. Aí, dormi bonito.
Mas, o filme. Syriana incomoda, incomoda muito. Você sai do cinema com a consciência mais apurada sobre o mundo em que vive, e isso pode ser muito angustiante. Aliás, George Clooney anda provando que pode fazer muito mais do que médicos charmosos e golpistas irresistíveis. Ele foi ameaçado de nunca mais conseguir um papel decente em Hollywood se insistisse em dirigir Boa Noite e Boa Sorte. Não ligou, fez um filme esplêndido e emendou com Syriana, uma metralhadora giratória disparada em direção a Bush Pai e a política não só americana, mas internacional.
E várias pessoas saíram na metade. Triste constatar que as pessoas não estão entendendo, ou não estão querendo, nem tentando, entender filmes como este.
Orgulho e Preconceito pela segunda vez, e achei o filme melhor ainda. Do que os tais "puristas" literários reclamaram tanto? Disseram que estava muito carregado de sensualidade, e tal. Ora, e eles não lêem Austen direito, não? Era vitoriana, folks. Tudo muito reprimido, mas deep inside, havia uma torrente de sentimentos pronta pra explodir. E eu a-do-rei quando Darcy e Lizzie NÃO se beijaram no final. Seria uma concessão estúpida que arruinaria uma adaptação primorosa.
E o personagem do Darcy, definitivamente, alterou pra sempre a minha percepção do que seria um homem perfeito. Eu tinha uns dezessete anos. Lascou.
Bem, amanhã tem segundo round de Johnny & June e finalmente vamos conferir o trabalho do Philip Seymour Hoffman em Capote. Eu não falei que ia passar o feriado todo dentro do cinema?
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Hoje tem farrinha chez Kelnner. Maratona 24, House of D (finalmente!) e o que mais a gente decidir na hora.
Pra quem vai carnavalar, juízo.
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Viviane at 9:25:00 AM
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