domingo, outubro 01, 2006
9/11, cinco anos depois
Se vocês quiserem assistir a um filme corajoso e sem concessões, escolham Vôo United 93 (United 93, do Paul Greengrass). Se preferirem o cinemão convencional, padronizado, milimetricamente calculado pra que o público tire a caixinha de Kleenex da bolsa, o melhor é As Torres Gêmeas (World Trade Center, do Oliver Stone).
Estou chocada com a falta de posicionamento político do Oliver Stone. Cadê o cineasta engajado, questionador e ativista de JFK, Nixon e Platoon? Céus. Qualquer Michael Bay da vida poderia ter feito esse WTC. Tecnicamente impecável, mas com um roteiro previsível, estereotipado e ufanista que não "encaixa" na carreira do Mr. Stone. Nicolas Cage é um ator sensacional, mas não tinha nada a fazer ali. E atrizes muito boas como Maria Bello e Maggie Gyllenhaal são simplesmente desperdiçadas - só choram, choram, choram o filme todo.
Já United 93... saí do cinema com as pernas tremendo. O filme é insuportavelmente tenso, mais ainda pelo fato de sabermos o desfecho da história - observamos o desespero dos passageiros do avião e não há esperança de final feliz. Inteligentemente, o diretor Greengrass (que fez também o ótimo Supremacia Bourne) alternou à história do vôo 93 o caos que se instalou no sistema de controle do tráfego aéreo americano em 9/11, e é duplamente bem-sucedido ao misturar, ao (muito bom) elenco de atores desconhecidos, os protagonistas reais dos fatos - a maioria dos controladores de vôo estava desempenhando seus próprios papéis.
United 93 não é entretenimento, de forma alguma; é desagradável até, mas como cinema-registro, como quase documentário, é obrigatório. Talvez não seja o melhor momento para assistir a um filme como este, com a queda do boeing da Gol ainda nos noticiários, mas dêem uma chance a ele.
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Viviane at 12:38:00 PM
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